"Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba" (Oswaldo Montenegro)
Este blog se propõe a apontar caminhos educativos- dentro ou fora da instituição escolar-
com o objetivo de transformarmos nossa realidade a partir de nossos sonhos.
Que canção estamos compondo na trilha de nossas vidas?

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Caixa de Brinquedos- Rubem Alves

A caixa de Brinquedos
A idéia de que o corpo carrega duas caixas, uma caixa de ferramentas, na mão direita, e uma caixa de ferramentas, na mão esquerda, ela me apareceu enquanto me dedicava a mastigar, ruminar e digerir Santo Agostinho. Como vocês devem saber, eu leio antropofagicamente. Porque os livros são feitos com a carne e o sangue daqueles que os escrevem. Dos livros se pode dizer o que os sacerdotes dizem da eucaristia: “Isso é o meu corpo; isso é a minha carne”. Ele não disse como eu digo. O que digo é o que ele disse depois de passado pelos meus processos digestivos. A diferença é que ele disse na grave linguagem dos teólogos e filósofos. E eu digo a mesma coisa na leve linguagem dos bufões e do riso. Pois ele, resumindo o seu pensamento, disse que todas as coisas que existem se dividem em duas ordens distintas. A ordem do “uti” ( ele escrevia em Latim ) e a ordem do “frui”. “Uti” = o que é útil, utilizável, utensílio. Usar uma coisa é utilizá-la para se obter uma outra coisa. “Frui” = fruir, usufruir, desfrutar, amar uma coisa por causa dela mesma. A ordem do “uti” é o lugar do poder.Todos os utensílios, ferramentas, são inventados para aumentar o poder do corpo. A ordem do “frui”, ao contrário, é a ordem do amor – coisas que não são utilizadas, que não são ferramentas, que não servem para nada. Elas não são úteis; são inúteis. Porque não são para serem usadas mas para serem gozadas.

Aí vocês me perguntam: quem seria tolo de gastar tempo com coisas que não servem para nada, que são inúteis? Aquilo que não tem utilidade é jogado no lixo: lâmpada queimada, tubo de pasta dental vazio, caneta bic sem tinta...

Faz tempo preguei uma peça num grupo de cidadãos da terceira idade. Velhos aposentados. Inúteis. Comecei a minha fala solenemente. “Então os senhores e as senhoras finalmente chegaram à idade em que são totalmente inúteis...” Foi um pandemônio. Ficaram bravos. Me interromperam. E trataram de apresentar as provas de que ainda eram úteis. Da sua utilidade dependia o sentido de suas vidas. Minha provocação dera o resultado que eu esperava. Comecei, então, mansamente, a argumentar. “Então vocês encontram sentido para suas vidas na sua utilidade. Vocês são ferramentas. Não serão jogados no lixo. Vassouras, mesmo velhas, são úteis. Já uma música do Tom Jobim é inútil. Não há o que se fazer com ela. Os senhores e as senhoras estão me dizendo que se parecem mais com as vassouras que com a música do Tom... Papel higiênico é muito útil. Não é preciso explicar. Mas um poema da Cecília Meireles é inútil. Não é ferramenta. Não há o que fazer com ele. Os senhores e as senhoras estão me dizendo que preferem a companhia do papel higiênico à companhia do poema da Cecília...” E assim fui, acrescentando exemplos. De repente os seus rostos se modificaram e compreenderam... A vida não se justifica pela utilidade. Ela se justifica pelo prazer e pela alegria – moradores da ordem da fruição. Por isso que Oswald de Andrade, no “Manifesto Antropofágico”, repetiu várias vezes “a alegria é a prova dos nove, a alegria é a prova dos nove...”

E foi precisamente isso que disse Santo Agostinho. As coisas da caixa de ferramentas, do poder, são meios de vida, necessários para a sobrevivência. (Saúde é uma das coisas que moram na caixa de ferramentas. Saúde é poder. Mas há muitas pessoas que gozam perfeita saúde física e, a despeito disso, se matam de tédio.) As ferramentas não nos dão razões para viver. Elas só servem como chaves para abrir a caixa dos brinquedos.

Santo Agostinho não usou a palavra “brinquedo”. Sou eu quem a usa porque não encontro outra mais apropriada. Armar quebra-cabeças, empinar pipa, rodar pião, jogar xadrez, bilboquê, jogar sinuca, dançar, ler um conto, ver caleidoscópio: não levam a nada. Não existem para levar a coisa alguma. Quem está brincando já chegou. Comparem a intensidade das crianças ao brincar com o seu sofrimento ao fazer fichas de leitura! Afinal de contas, para que servem as fichas de leitura? São úteis? Dão prazer? Livros podem ser brinquedos?

O inglês e o alemão têm uma felicidade que não temos. Têm uma única palavra para se referir ao brinquedo e à arte. No inglês, play. No alemão, spielen. Arte e brinquedo são a mesma coisa: atividades inúteis que dão prazer e alegria. Poesia, música, pintura, escultura, dança, teatro, culinária: são todas brincadeiras que inventamos para que o corpo encontre a felicidade, ainda que em breves momentos de distração, como diria Guimarães Rosa.

Esse é o resumo da minha filosofia da educação. Resta perguntar: os saberes que se ensinam em nossas escolas são ferramentas? Tornam os alunos mais competentes para executar as tarefas práticas do cotidiano? E eles, alunos, aprendem a ver os objetos do mundo como se fossem brinquedos? Têm mais alegria? Infelizmente não há avaliações de múltipla escolha para se medir alegria...

domingo, 29 de janeiro de 2012

Habilidades e Competências

Nos últimos dias tive a oportunidade de ministrar uma oficina de formação aos educadores da Escola USEFAZ, em Guaratinguetá. Fora o fato de ter sido muito bem recebida na escola pela equipe pedagógica, senti-me muito feliz por poder trazer à tona um bom diálogo sobre o tema Habilidades e Competências, em seus entendimentos e definições. Mais do que "verbinhos" colocados nas reuniões de início de ano em frente aos nossos objetivos de ensino, questões referentes ao NOSSO aprendizado foram discutidas: Aprendemos realmente a conhecer as coisas, a conviver com os outros, a fazer bem nossos deveres e mais do que tudo... temos a humildade de aprender a SER quem somos? Questões a princípio simples se olharmos de forma mais desatenta... No entanto, se não tivessem sua devida importância, não seriam definidas como PILARES da Educação pela UNESCO.
Cada educador carrega consigo suas competências... Carrega também a habilidade de transmiti-la aos educandos? Estamos atentos às habilidades (ou à falta delas) de nossos alunos de se apropriarem daquilo que buscamos ensinar? Como reflexão, indico um filme indiano de extrema sensibilidade e competência chamado Como Estrelas na Terra, de Aamir Khan. Ótimo "Start" para aqueles que, como eu, iniciam uma nova caminhada em mais um ano escolar, ou que simplesmente trabalham em prol de uma educação, seja ela formal ou não.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Sarau do Infantil

Neste final de ano, como produto final do projeto de Causos e Cantos, a educadora Marília Maia propôs um Sarau envolvendo todas as crianças da Educação Infantil e seus familiares. Um momento de alegria, poesia, composições, encantos, histórias...
A seguir um registro deste trabalho:



Enfim, ficamos com a pureza da resposta das crianças: A vida é bonita, é bonita e é bonita!

Um pouco de Causos e Cantos...



Uma matéria sobre o trabalho desenvolvido pela arte-educadora Marília Maia em uma escola na terra encantada de Pindamonhangaba! O projeto, intitulado Causos e Cantos, busca desenvolver trabalhos de leitura, contações de histórias e sensibilização musical. Os resultados são surpreendentes!!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo


* Contação de Histórias
14/8 - 12h às 13h
A quase morte de Zé Malandro – Ricardo Azevedo
Baseada na literatura de Ricardo Azevedo, Mafuane Oliveira e Marília Maia narram a engraçada saga de Zé Malandro, um grande herói que tenta enganar a morte. Com Cia Chaveiroeiro. Duração: 20 minutos

15/8 - 13h30 às 16h
A Pílula Falante – Monteiro Lobato
Marília Maia e Mafuane Oliveira se inspiram na obra de Monteiro Lobato e narram de forma alegre e contagiante a saga da boneca Emilia para conquistar o dom da fala. Com Cia Chaveiroeiro. Duração: 20 minutos


22/8 - 13h30 - 16h
Contos de Bichos – Ricardo Azevedo e Ana Maria Machado
Mafuane Oliveira e Marilia Maia, narram as mais engraçadas histórias que já aconteceram em nossas matas e florestas, como por exemplo, a confusão que ocorreu quando o bode e a onça decidiram construir uma casa ao mesmo tempo. Com Cia Chaveiroeiro. Duração: 20 minutos


* Cordel:
14/8 - 13h30 às 16h
21/8 - 10h30 às 13h
15/8 - 10h30 às 13h

““De repente... um Cordel” – César Obeid
Nesse trabalho, Mafuane Oliveira e Marilía Maia convidam o público a embarcar na literatura popular brasileira apresentando de forma encantadora e melodiosa rimas de cordel escritas por César Obeid. Com Cia Chaveiroeiro. Duração: 20 minutos

* Apresentações a cada de 30 minutos.

Local:
Pavilhão de Exposições do Anhembi
Rua H - (frente da Positivo e perto da Praça de Alimentação.)
São Paulo, SP

Ingressos: vendas apenas na bilheteria da Bienal do Livro de São Paulo
Entrada inteira – R$ 10,00


Meia-entrada – R$ 5,00
Os idosos, acima de 60 anos, não pagam ingresso apresentando carteira de identidade para comprovação.Menores de 12 anos não pagam.

quinta-feira, 29 de julho de 2010


Olá Pessoal!! É isso aí!! Estaremos presentes na Bienal, no stand da FDE. Estão todos convidadíssimos. eis nossos horários:
14/ago 12h às 13 h Contação de História
14/ago 13h30 às 16 h Apresentação de Cordel
15/ago 10h30 às 13 h Apresentação de Cordel
15/ago 13h30 às 16 h Contação de História
21/ago 10h30 às 13 h Apresentação de Cordel
22/ago 13h30 às 16 h Contação de História

Até lá!!!

sábado, 26 de junho de 2010

Uma parte de mim...


Cia Chaveiroeiro.
A dupla Mafuane Oliveira e Marília Maia sempre convida o público a embarcar em histórias de diversas culturas e povos. Um trabalho mágico, que transforma o instante, com o poder da palavra e da sensibilização musical.





Um pensamento:

" Estou pensando
no mistério das letras de música
tão frágeis quando escritas
tão fortes quando cantadas
(...)
a palavra cantada
não é a palavra falada
nem a palavra escrita
(...)
a palavra-canto é outra coisa."

Augusto de Campos